Um fato apontado em vários estudos, destaca que quando os elos emocionais entre avós e netos são fortes, a relação pode ser benéfica para a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento de ambos. Em Portugal, um dos países da União Europeia, se assume de forma generalizada, que os avós estão disponíveis para prestar cuidados informais aos netos de forma intensiva – mais de 30 horas por semana, o que no Brasil, não é muito diferente.
Segundo o estudo da “Caring for Children in Europe”, realizado no âmbito da European Platform for Investing in Children (EPIC), não há dúvidas sobre o papel central dos avós na vida dos netos e os efeitos desta relação, destacando seis benefícios à saúde de ambos.
- Menor risco de depressão para avós e netos
- Problemas de comportamento atenuados
- Maior agilidade cognitiva
- Sentir-se saudável
- Aprendizagem mútua
- Aprendizagem única
- Menor risco de depressão para avós e netos
De forma geral, a saúde psicológica de avós e netos é melhor quando possuem um apoio emocional maior e está associada ao menor risco de depressão para ambos. No caso dos avós, essa relação é favorecida se esse apoio não impedir que se sintam “funcionalmente independentes”. A conclusão é de um estudo do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Boston, com base em dados de famílias dos Estados Unidos da América recolhidos entre 1985 e 2004.
- Problemas de comportamento atenuados
As crianças que contam com um grande envolvimento dos avós na sua vida têm menos problemas emocionais e comportamentais, sugere uma investigação do Departamento de Política Social e Trabalho Social da Universidade de Oxford que envolveu mais de 1500 crianças do Reino Unido. O envolvimento dos avós ajuda a atenuar dificuldades de ajustamento em todos os tipos de famílias, mas particularmente quando os netos são adolescentes cujos pais estão divorciados ou separados.
- Maior agilidade cognitiva
Cuidar dos netos uma vez por semana está associado a um melhor desempenho cognitivo do que não cuidar dos netos ou não ter netos. A conclusão é de um estudo realizado na Universidade de Melbourne (Austrália), que contou com 224 participantes do sexo feminino com uma idade média de 70 anos. Os investigadores concluíram também que as avós que cuidavam dos netos com mais frequência tinham um desempenho cognitivo pior, possivelmente devido à exigência da função. Em suma, o envolvimento social pode ser positivo, mas há outras variáveis a ter em conta.
- Sentir-se saudável
Os avós que não cuidam dos netos têm maior probabilidade de dizer que têm pouca saúde do que aqueles que costumam cuidar dos netos, seja de forma intensiva ou não. O contrário também é verdade: os avós que cuidam dos netos têm maior probabilidade de reportar boa saúde. Esta é uma das conclusões dos projetos de investigação “Grandparenting in Europe”, baseado em dados de 10 países europeus recolhidos no âmbito de dois grandes estudos. Tomar conta dos netos pode ser exigente do ponto de vista físico e emocional, refere o estudo, mas também pode ser recompensador porque permite que avós e netos criem uma relação mais próxima.
- Aprendizagem mútua
Os avós são um recurso multidimensional para a aprendizagem das crianças, concluiu um estudo da Universidade de Londres que se focou em crianças dos três aos seis anos de idade a viver na zona este de Londres, umas de famílias com origem no Bangladesh e outras de origem anglo-saxónica. Ao participarem num conjunto alargado de atividades – ler histórias, cozinhar, jardinar, passear no parque – os avós apoiam o desenvolvimento do conhecimento linguístico, cultural e científico das crianças; por sua vez, a interação com as crianças estimula a aprendizagem dos mais velhos em áreas como as tecnologias da informação e o inglês como segunda língua.
- Aprendizagem única
Devido às suas características diferenciadoras, a relação que as crianças estabelecem com os avós favorece a aprendizagem, já que cria um contexto que as incentiva a explorar e a correr riscos. Essas características incluem a vulnerabilidade mútua, que cria um maior sentido de igualdade entre adultos e criança, a disponibilidade temporal e a flexibilidade face aos resultados das crianças. Este apoio contínuo e individualizado tenderá a tornar-se mais valioso, numa era em que os pais estão cada vez menos disponíveis e em que o ensino escolar é muito focado em abordagens coletivas, conclui o mesmo estudo da Universidade de Londres.
Fonte: https://www.lusiadas.pt – Revisão científica – Dra. Ana Peixinho
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